domingo, 2 de dezembro de 2012

Ode aos avós


Avós, ó Avós!
Seja gravada e nunca retirada
Vossa imaculada sabedoria
Como Património Mundial

Eternizai a dádiva mais pura
Coisa boa que não dura
Que para a morte não há cura
Resta vestir roupa escura

Os maiores na nossa inocência
Milagreiros, Salvadores, Guardiões
Tudo com simples gestos
Os maiores na nossa existência




Por enquanto ainda me posso gabar de ter avós. Por enquanto..

domingo, 18 de novembro de 2012

Perfeiqualquercoisa

Já eu bem tinha avisado que esta arte de redigir permanentemente ilustrações do que se passa de minimamente interessante na cabeça de mais um corpo é de fácil desgaste e porventura escolha óbvia de item a colocar na prateleira. Se eu fosse eu fosse um verdadeiro perfeccionista, tal não sucederia, pelo menos, com esta naturalidade.
Eu não caio no ridículo de dizer que o meu maior defeito é ser perfeccionista, aliás, esta é apenas uma ligeira introdução ao tema do segundo defeito preferido da malta em geral. Acontece que eu sou um perfeccionista da pior espécie: aquele que está muito longe de o ser e vive perante aquela insaciável e inalcançável vontade de ser a melhor pessoa e de conhecer todos os campos do conhecimento sem passar por cima dos outros. Haja alguma condição que é satisfeita! A última. Ser perfeccionista exige muito pensar, frustração, sentimento de irritabilidade, desorganização e irreverência. Ser um deles pressupõe habilidade mais tácteis como memorização e reflexos a toda a prova. Parece pouco mas a diferença é abismal. Tanto que pode ficar comprovado através desta toda hermética e nada profícua dissertação.
O meu maior drama é o de querer saber um pouco de tudo e não me conseguir concentrar verdadeiramente em nada. Quando estou a ver um site com reviews de música estou a pensar nos mil e um que restam e que poderia estar a ver. Esta loucura é agudizada com o facto de estar a trabalhar e de as 2 ou 3 horas diárias que passo em frente ao frente saberem a nada. Perco-me em redes e sociais e em mais um par de sites e uma série ou filme. Que raio de perfeccionista sou eu? Nem na minha escrita isso nota, quanto mais no seu real conteúdo.
Em nota de rodapé, seria mais facilmente um deles se olhasse para a minha vida com uma perspectiva mais positiva uma vez que conseguia enumerar umas quantas verdades que fazem de mim um privilegiado e libertavam aquela tensão do inalcançável. Felizmente não sou um ignorante conformado e enquanto alguns seguem o coração, eu sigo a massa cinzenta que me mostra a realidade com tons dessa mesma cor.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Olhos que vêem diferente

Neste fim-de-semana último finalmente aproveitei para fazer uma viagem que já estava há muito pensada. A Bélgica é o país que comporta mais amizades construídas a partir do programa de Intercâmbio que fiz em Macau e foi o único país que não visitei naquela região quando fiz o meu Interrail, dado que passei por França, Inglaterra, Holanda e Alemanha. Obra do destino ou não, tinha que completar aquele recanto da Europa.
É um privilégio ter gente querida à nossa espera com uma disponibilidade invulgar e que coloca todas as comodidades à nossa disposição durante a estadia, o que proporciona uma melhor experiência os locais conseguem fazer os outros olhar para a sua casa com diferentes olhos.
Foi também uma experiência que trouxe algo de novo por ser a minha primeira vez a visitar um lugar novo não apenas com esse propósito e sem uma mala às costas enquanto o tempo que passa a um ritmo alucinante não permite que se visite sem que haja correria.
Posso constatar sem reservas que os Belgas dominam a arte de bem receber, partindo sobretudo da sua cortesia e genuíno tradicionalismo, e um país do qual bem se podem orgulhar.
Estive hospedado na casa do Raffi, um grande amigo que reside em Waterloo, nobre localidade histórica eternizada pela batalha onde as tropas inglesas de Wellington destronaram as forças de Napoleão em 1815 situada nas proximidades de Bruxelas, para sul, e tive sorte, dizem eles melhor que ninguém, com os dias solarengos que me receberam em grande estilo. Correndo o risco de retirar qualquer vestígio de classe neste texto, se é que ele existe, este país é conhecido por alguns como o "Penico da Europa", sendo provável apanhar alguma ou muita chuva quando se visita a Bélgica mesmo em pleno Verão.
No dia em que cheguei, fui conhecer a escola secundária e a Universidade onde o Raffi estudou e trata-se de uma Cidade-Universidade, pois o campus aglomera apartamentos com minimercados, cinemas, bares, bibliotecas, salas de aula e por aí adiante. De seguida era tempo para a primeira refeição em terras de Audrey Hepburn e não hesitei em seguir a recomendação do Raffi, tendo escolhido brochette sauce fine champagne, um prato de carne com um delicioso molho de champagne.O dia seguinte prometia ser cansativo, não tendo ficado nada programado para depois. Dia esse que foi inteiramente passado na região flamenga da Bélgica. É quase como estar no estrangeiro, até para os meus amigos anfitriões, por serem da região Francesa. Fui com o Raffi e com a Charline, que também fala Flamenco e veio de Liége para me ver.
Visitámos Brugges, a cidade que mais ansiava visitar, Oostende e não sobrando tempo para ir a Antuérpia, terminámos o dia com um jantar em Gent. Domingo ficou reservado para, como não poderia deixar de ser, visitar Bruxelas. Muitas fotografias tiradas, locais históricos vistos, deu para matar saudades do Milkshake de Macau, vislumbrar umas quantas aberrações e para presenciar uma manifestação dos Sírios residentes na Bélgica em frente à Bolsa. No fim do dia houve um animado Barbecue na casa do Raffi mais dois amigos de Macau, o Cédric e a Charlotte. Já no dia da partida fiquei a conhecer um pouco mais de Waterloo que tem história para dar e vender e pormenores aparte, estava a chegar a hora de apanhar o avião de volta.
Foi sem dúvida um fim-de-semana e uns dias diferentes do habitual, deu para discutir e pensar em tudo numa perspectiva diferente.
Au revoir!

domingo, 11 de março de 2012

Konfuso

A mais recente causa que procura fazer do nosso planeta um local mais pacifico já é do conhecimento de qualquer pessoa que perca meia hora do seu dia em torno de um meio de comunicação.
Ninguém discute que um homem cuja ocupação é criar e expandir um exército de crianças do sexo masculino (sobrando para as restantes ser escravas sexuais) que não têm outro remédio senão lutar por ele se querem sobreviver por mais uns dias, semeando o terror num país já de si com uma realidade deprimente, merece que tudo o que de mal há no mundo lhe aconteça. Este triste exemplo de perversidade humana chama-se Joseph Kony e em 2012 toda a gente o quer ver brilhar, toda a gente o quer emprisionar, qual diamante negro.
Não obstante o sentimento mútuo de injustiça e violação dos mais básicos direitos humanos, entre quem observa esta situação de fora (e com isto refiro-me ao mundo ocidental) teve inicio um intenso debate sobre a mira desta causa. É compreensível e visível o impacto de um "share", de um "tweet" ou de um "like" e aqui aplica-se perfeitamente a expressão "to share is to care" mas não me parece que quem ficou informado acerca desta luta através desta campanha possa realmente fazer algo digno de registo. São compreensíveis as boas intenções de quem a espalha pois quer fazer algo de bom ao espalhar uma causa com o vilão bem claro.
No entanto nem tudo são rosas: a causa pressupõe uma intervenção dos Estados Unidos que teria de intensificar a colaboração com o exército Ugandês, conhecido também por diversas práticas ilícitas e violação dos direitos humanos Para além do mais é necessário muito cuidado quando se fala do motor de toda esta propaganda, os "Invisible Children", e no verdadeiro objectivo de tudo isto. Depois de arregaçar as mangas e ter uma pinça na mão, facilmente se encontram inconsistências e suspeitas de aproveitamento impróprio dos fundos da organização. Até uma influente jornalista local e um director de uma empresa naquele país afirmam categoricamente que esta "caça ao homem", a concretizar-se, não se traduziria num avanço significativo dos padrões de vida no Uganda. Continuando neste registo sustentado em rumores, diz-se que o homem não mete os pés no Uganda há 6 anos e muito curiosamente, ou talvez nem por isso, descobriu-se recentemente petróleo por essas bandas. Dá que pensar..

Remetemo-nos então para a velha questão: Em quem e no que acreditar? O vídeo está indiscutivelmente bem feito à boa moda de Hollywood mas existe cada vez mais gente que se opõe a estas acções impulsionadas pelas redes sociais, que ajudam a difundir problemas sociais, embora não devam ser constantemente sufocadas com este tipo de informação.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Noite de Gala

Mesmo atravessando um momento onde a responsabilidade tem forçosamente que prevalecer à falta de obrigações, não tenho sido tão noctívago quanto esperaria. Obrigações daquelas que surgem por não termos total controlo sobre os nossos afazeres ou simplesmente as que estão lá sempre porque não vivemos do ar e existem coisas que ninguém faz por nós. Tal poderá advir do facto de passar alguns dias de seca a todos os níveis e querer que o amanhã chegue o mais rapidamente possível e se possível, que traga algo de novo. Estará também certamente relacionado com o facto de nesta casa ser considerado pecado acordar depois de certa hora e o meu metabolismo já estar habituado a essa realidade, ou até por descargo de consciência, para durante a manhã enviar um ou dois CV's.
No entanto, domingo último, com os Óscares da Academia e o NBA All-Star Game, expoentes máximos do poder Americano no que ao entretenimento diz respeito, foi impossível ir para a cama antes das 5h da manhã.
Comecei por assistir intermitentemente à Red Carpet dos Óscares arrastado pelo acérrimo entusiasmo da minha timeline do twitter não por apreciar moda, mas para perceber quantos rostos conhecia e apanhar qualquer rasgo fora do cliché. A verdade é que o momento mais insólito escapou-me, protagonizado pelo inevitável Sacha Baron Cohen, momento que apesar de tudo ficou-se pelo insólito.
Imediatamente a seguir era hora de começar o espectáculo circense da NBA. Teve início com um mini concerto da extravagante Nicki Minaj que em 15 minutos apareceu com 3 cores de cabelo distintas, e com o meu jogador de eleição, Dwight Howard, a ser o anfitrião (único jogador dos Orlando Magic no elenco, com o evento a realizar-se em Orlando) de uma noite que se esperava de arromba. Quando o jogo propriamente dito começou já os Óscares estavam também a começar, portanto fui alternando. Mas o jogo esteve sempre a pender para o lado do Oeste, durante mais de meio o jogo, e escusei-me a ver o final, julgando estar decidido. Para minha surpresa, houve uma tremenda recuperação final e Este quase triunfou! Outro momento perdido.
Surpreendentemente aguentei até ao The Artist ser galardoado com Óscar de melhor filme sem qualquer vestígio de sono e fiquei aliviado pelo Transformers ou pelo Tree of Life não ter arrecadado nenhum prémio. No entanto, foi extremamente previsível em quase tudo, com Hugo a dominar categorias mais técnicas, e com Meryl Streep a receber o terceiro entre 17 nomeações para melhor actriz. Deu para ficar triste pela Rooney Mara. Quanto ao Óscar de melhor actor, Jean Dujardin beneficiou do facto do seu filme ser o melhor e por vezes há dificuldade em dissociar o global do individual. Para mim, George Clooney em "Os Descendentes" esteve brilhante e conseguiu levar um filme com uma história aparentemente banal ao topo.

Criticas aparte, it was a hell of a night!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

será que quem pede compreensão...é compreensivo?

Esta deixa pretende ser curta, concisa e frontal, ou se preferirem, sem entrar em rodeios que possam fazer com que a mensagem se perca.
Alguém compreende o porquê da existência de prazos tão curtos para alcançar metas transcendentes? É que para além de aumentar o risco de não serem alcançadas, estão a colocar milhares ou milhões de pessoas em situações à beira do insustentável por mero capricho. Capricho de receber os lucros uns meses ou uns anos antes. Há quem diga que é para garantir a recepção dos lucros, mas como já disse anteriormente, não sei se tornará os objectivos mais inalcançáveis.
E, obrigando o povo a consumir apenas o essencial a riqueza deixa de ser gerada e a economia estagna. Sou muito céptico em relação ao caso Grego e mesmo em relação ao nosso já não sei em que acreditar pois já li e reli rasgados elogios oriundos das mais influentes pessoas mas também já apanhei o nosso ministro das finanças a implorar aos Alemães e encontram-se facilmente artigos afirmando que o nosso rumo não é o correcto.
O que me entristece é que quem tem o poder está constantemente a sacrificar a sobrevivência de muitos para engordar mais um bocadinho a sua conta bancária. Parece que os Bancos querem duplicar as taxas de juro. Os Bancos que sempre apresentaram grandes lucros exceptuando apenas e só 2011 transmitem uma imagem de desespero que é tudo menos real. E assim, quer tenham tomado decisões responsáveis ou irresponsáveis, muitos mais ficarão apertados até ao pescoço.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Esta águia voa alto


Arrisco-me a dizer, não em nome do entusiasmo que os últimos jogos trouxeram nem pelo deslumbramento que uma vantagem pontual em relação ao Porto (que infelizmente tem sido coisa rara desde que me considero um adepto do futebol) possa acarretar, mas sim, e não vejo forma pouco ousada de o dizer, pela qualidade do futebol praticado estar bem escarrapachada em qualquer estádio que jogue, seja contra quem for, qualquer que seja a competição. O vasto leque de futebolistas dotados de grande capacidade também ajuda, sendo possível alterar meia equipa e manter um rendimento deveras razoável. Há de tudo: Desde a experiência e sabedoria de Luisão, a garra e paixão de Maxi e Javi, a segurança de Artur, a classe de Aimar e Garay, a regularidade e eficiência de Witsel e Emerson, o repentismo de Nolito ou Gaitán, um matador como Cardozo e até jovens prodígios com pujança dos pés à cabeça como Rodrigo ou Nélson. E ainda sobram Eduardo, Capdevilla, Bruno César, Saviola, entre outros.
O Benfica 2011/2012 liderado por um carismático sábio do futebol já foi posto inúmeras vezes à prova, seja em campos difíceis como o Dragão, a Pedreira, Old Trafford ou Basileia e apenas saiu derrotado por uma única vez, num jogo menos conseguido (como de resto, houve outros) e com alguns ausentes contra uma equipa muito bem organizada que entretanto desfeiteamos por duas vezes. Já conseguiu inverter resultados desfavoráveis em várias ocasiões, demonstrando uma tremenda força anímica.
Tudo isto será infrutífero se em Março e Abril, a altura de todas as decisões, a equipa não conseguir manter o seu nível, mas que já deu razões para acreditarmos no melhor, lá isso deu.
É uma equipa mais consciente das suas capacidades do que há dois anos atrás, e com grandes possibilidades de almejar os quartos-de-final da Champions, a final da taça da Liga e o Campeonato. No entanto é essencial respeitar o Porto ao máximo, que com Lucho fortalece o meio campo e a união do grupo e pode ainda contar com um típico número 9 que valerá alguns golos, mas com todo o respeito, o Benfica continua mais forte, com mais soluções, um futebol mais vistoso, menos oscilante e sobretudo, com um treinador a anos luz de um canhestro Vitor Pereira. Tenho pena que não tenhamos um substituto à altura para a ala direita, porque Djaló não é um Sálvio ou um Enzo Pérez, porém temos que compreender que valores mais altos se levantam.

(Negativa é esta novela Enzo Pérez que parece não ter fim à vista. Está visto que este jogador não dá valor nem merece jogar de águia ao peito, no entanto não nos podemos dar ao luxo de desperdiçar 5 milhões em troca de problemas disciplinares e familiares. De lamentar é a situação do Ruben Amorim, que tem ambições legitimas e que infelizmente não foram devidamente resolvidas. Fundamental é que precedentes de ordem disciplinar não sejam criados em virtude de uma tolerância excessiva.)

Fico-me por aqui pois este assunto é a modos que muito vago e não pretendo continuar a embandeirar em arco porque daqui a umas semanas ou meses poderá crescer em mim uma vontade de fazer este texto desvanecer. Há sempre este risco mas se o deslumbramento não vier ao de cima e o Benfica mantiver esta sua faceta de estabilidade, irá satisfazer as suas pretensões!